|Album Review|
Alpine - Yuck
7/10
Os Alpine são uma banda australiana de indie pop e
eletrónica composta por 6 elementos, dos quais se destacam as duas front-woman Phoebe Baker e Lou James.
Yuck é o seu segundo álbum, depois de A
Is For Alpine, editado em 2012 na Austrália mas que apenas chegou à América
e à Europa em 2013. Desta vez, a banda abandona as melodias dedilhadas que
apoiavam os vocais de Phoebe e Lou, apoiando-se mais em sintetizadores e outros
instrumentos electrónicos, pisando terrenos mais pop e mais radio-friendly. A própria postura da
banda sofreu alterações, mudando a sua imagem de raparigas comuns (girl next door) com jogos de vozes
peculiares, para mulheres confiantes e cosmopolitas, à imagem da filosofia
feminista que pretende se instaurar na sociedade. Este é um álbum construído
para a insuflação das vozes de Phoebe e Lou, baseado na instrumentação
analógica que é envernizada pelos efeitos de estúdio.
“Come On” é a faixa que abre este LP, sendo um excelente
bilhete de boas-vindas, no qual as vozes têm um impacto enorme e, que nos
introduz à temática presente nos versos das canções de Yuck: o (des)amor, como
se verifica no excerto: “I’m avoiding
selfless love / Kindness seems to be getting me nowhere”. Segue-se-lhe o
primeiro single deste álbum: “Foolish”,
uma das músicas que melhor cria a ponte entre os dois trabalhos da banda, e que
alerta, mais uma vez, para relações com maus resultados, e neste caso com muita
ingenuidade à mistura (“You brought too
much too much metaphor to the relationship”). A terceira faixa é
“Crunches”, das melhores músicas deste álbum, tanto no que toca aos jogos
vocalizados como também à instrumentação que a acompanha. De seguida, “Shot
Fox”, que destaca os sintetizadores e é muito bem ampliada pelo trabalho em
estúdio. A quinta música é “Up For Air”, na qual a letra ganha uns contornos
mais carregados nesta dualidade
entre o amor e o ódio que algumas relações acarretam.
Após este forte começo, o álbum perde alguma qualidade.
“Jellyfish” é uma música que apesar dos elementos downtempo e chillout bem conseguidos, torna-se algo repetitiva após algumas
audições. Segue-lhe “Much More”, que retoma ligeiramente a qualidade
demonstrada anteriormente, principalmente no que toca ao seu refrão, mas peca
também por se tornar um pouco igual,
principalmente ao dedilhar da guitarra constante durante pouco mais de 4
minutos. O segundo single, “Damn Baby”, é a faixa seguinte, e é também a que cria as maiores questões
à volta da futura sonoridade da banda. Esta música parece muito preparada
para a rádio, abandonando a sonoridade indie e ligeiramente experimental que a
banda costuma demonstrar. Há aqui espaço, portanto, para nos perguntarmos se
este álbum não será uma ponte para passar para um trabalho mais polido e comercial,
à semelhança também de “Standing Not Sleeping”, a música menos bem conseguida
deste LP, e que parece ter sido elaborada de modo a ser utilizada em anúncios
televisivos.
“Need To Be” é o bom mote para este álbum, em que se
assume verdadeiramente o pop, utilizando elementos do indie, do chillout, da neo-soul e do
experimentalismo.
Texto: Eduardo Antunes
Texto: Eduardo Antunes
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